25.5.06

mantra

tudo é uma questão de manter
a mente quieta
a espinha ereta
e o coração tranquilo.

21.5.06

ela

ela está em todos os jornais
e nos livros de auto-ajuda.
ela está atrás da porta,
minha inimiga muda.

corvo que me contempla
com olhares de rapina
sereia que me seduz
e, por não ter voz, me fascina

três vezes te renego,
a cada madrugada.
até que o cantar do galo
te faça virar em nada.

um punhado de palavras.

o jardim era uma selva. aas plantas, deixadas à própria sorte, tinham crescido contentes em todas as direções. por trás de sua irreverência, a casa se erguia altaneira. uma dama escondida pelas plumas de um vestido exuberante.
o tempo vinha desenhando uma nova fachada . aqui e ali, pequenas rachaduras e uma sombra verdolenga lhe davam um ar de memória.
passar pelo jardim, subir as escadas largas até a porta alta e estreita era quase uma aventura.
mas supreendentemente a porta se abriu sem um rangido. correu suave nas dobradiças, num mudo convite: entra e devoro-te.
o som do riso atravessou o vestíbulo, chegando até a sala. quando a porta se fechou novamente, o calor da rua se foi. ali dentro era fresco como numa caverna. as janelas, mal-fechadas por persianas quebradas, pareciam olhos modorrentos a se entreabrir.
esta casa. e toda uma história.
o caminho para o sótão estava desimpedido. lá dentro, os baús. e nos baús, papéis. e fotos. e cartas. e tudo. era por ali que devia começar. e também - finalmente - terminar.