21.3.09

por um sol que não queime

a quem você trairia para obter o que deseja?
a quem você mentiria para chegar onde almeja?
que pequena morte você corteja,
ao persisitir em tamanha cegueira?
nem tudo nos vem de bandeja,
mesa posta, de delícias farta.
por vezes, a pão e água se conquistam
maiores certezas que ilusões tão falhas.

minha cota de malha é leve
para artilharia tão pesada.
recuo para trás das torres
erguida por pedras atiradas.
menos por medo que por estratégia,
nem por pudor ou por alma rígida,
mas porque a dor que se vê tão nítida
não será minha, mas de quem não se protege.

o que ofereço (te parece pouco?)
é um rosto limpo e uma manhã sem mácula.
um lago límpido, numa floresta clara,
onde o reflexo deste sol tão raro
encha de luz o que é a mim tão caro.