20.6.09

jasmins demais.

em torno do vazio, construí o meu castelo.
bem no meio dele, ergui minhas muralhas.
achei que assim estaria protegida
de toda dor.
o vazio riu da minha ingenuidade...
foi-me entrando pelos poros,
viajando em minhas células.
o vazio também fez
em mim sua morada.
mas em algum lugar,
de alguma maneira,
sem que eu sequer quisesse
ou percebesse,
brotou um pé de jasmim.
(se você não sabe, o vazio não gosta de raízes,
nem de flores e muito menos
de perfumes.)
os galhos desta planta maravilhosa
foram rompendo as barreiras
como quem derruba paredes.
espalharam-se em toda a extensão
das minhas defesas ilusórias
fizeram entrar o sol,
permitiram chuvas e tempestades.
agora, descanso sentimentos
colhendo jasmins.
o vazio se recolhe
e meu castelo foi ao chão.
estou exposta ao que se avizinha,
ao que o vento traz.
meu pé de jasmim sorri.
“a vida, não tem defesas, meu bem...
o que nos une é o que nos falta.”