7.9.07

sonhos

um sonho numa caixa
como jóia preciosa
para ser vista e nunca usada...
um sonho de vitrine
para ser admirado, desejado,
nunca vivido, nem realizado...

sonhos, bolhas de sabão.

vivê-los é matá-los?
ou lhes dar vida é que é viver?

rsssrsrssrs...
sei as respostas que meus amigos vão me dar.
rsrsrsrsrsrsr..........

27.8.07

momento mulherzinha

rosas

ana carolina
composição: totonho villeroy


você pode me ver
do jeito que quiser
eu não vou fazer esforço
prá te contrariar
de tantas mil maneiras
que eu posso ser
estou certa que uma delas
vai te agradar...
porque eu sou feita pro amor
da cabeça aos pés
e não faço outra coisa
do que me doar
se causei alguma dor
não foi por querer
nunca tive a intenção
de te machucar...
porque eu gosto é de rosas
e rosas, de rosas
acompanhadas de um bilhete
me deixam nervosa...
toda mulher gosta de rosas
e rosas, de rosas
muitas vezes são vermelhas
mas sempre são rosas...
se teu santo por acaso
não bater com o meu
eu retomo o meu caminho
e nada a declarar
meia culpa cada um
que vá cuidar do seu
se for só um arranhão
eu não vou nem soprar...
porque eu sou feita pro amor
da cabeça aos pés
e não faço outra coisa
do que me doar

7.8.07

uma vida por minuto

um minuto de silêncio pra cada decepção sentida.
um minuto de sorriso pra cada emoção descoberta.
um minuto de alívio pra cada amigo reencontrado.
um minuto de horizonte pra cada amor perdido.
um minuto de travesseiro pra cada encontro desmarcado.
um minuto de taquicardia pra cada telefonema esperado.
um minuto de suspiro pra cada cortesia inesperada.
um minuto de alegria pra cada centavo economizado.
um minuto de gargalhadas pra cada tombo levado.
um minuto de aspereza pra cada traição desvendada.
um minuto de poesia pra cada beijo roubado.
um minuto de tesão pra cada olhar descarado.
e já se foram 12 minutos de vida
vivida e não inventada.
cada dia: 1.440 minutos.
todos seus para criá-los.

18.5.07

mute

às vezes é preciso falar apenas esvaziar a mente cheia de dúvidas e mistérios.
é preciso falar em código para que o óbvio não transpareça aos cínicos.
é preciso falar para aceitar o que é negado - em vão.
falar para que a força do verbo recrie o mundo.
falo menos do que calo, falo menos do que vejo, falo apesar.
e quando cessa a fala, o silêncio me devolve o eco.
no avesso dessas palavras é que me apego, que me pacifico.
falo. mas é o silêncio que me faz compreender.


(quem me vê assim cantando...)

24.4.07

permanência

houve um tempo
(quando? ontem?)
em que era fácil dizer:
amanhã
era fácil contar os dias
em noites de diversão,
tardes de tédio e lojas,
manhãs de aulas e pátios.
não se marcavam as horas
era sempre cedo demais
sempre lento demais
era sempre breve demais.
hoje ainda pensei nesse tempo
porque me preparo para esquecê-lo
não como quem apaga a memória
mas como quem se dá conta
de que o tempo
só passa lá fora.
aqui dentro
é sempre.

23.4.07

queria ter escrito

dentro de mim
o vazio inventa.

(marcos caiado - www.marcoscaiado.blogger.com.br)

17.4.07

doçuras

doces olhos

doces olhos vazios
a se encantarem de sombras
penumbras mal-afamadas
recantos de sonhos
olhos transparentes
a chorar saudades não vividas
amores inexistentes
cavaleiros displicentes
olhos de olhar lonjuras
mares, fogueiras, vendavais
olhos que se contemplam,
olhos de nunca mais

...................................................................................................
doces ombros

ombros frágeis
para tanta tortura
carregar a própria essência
sem disfarce ou impostura
lanhado,
açoitado,
lombo de escravo
fujão
mas ombros redondos
de carregar colares
decotes e afagos
ombros sãos
curvados, macios
róseos cabides
ombros de solidão.

15.4.07

... essa minha criança...

Someone to watch over me
(Ella Fitzgerald)

There's a somebody I'm longin' to see
I hope that he,
turns out to be
Someone who'll watch over me

I'm a little lamb
who's lost in the wood
I know I could,
always be good
To one who'll watch over me

Although he may not
be the man some
Girls think of as handsome
To my heart
he carries the key

Won't you tell him
please to put on some speed
Follow my lead,
oh, how I need
Someone to watch over me

Won't you tell him please
to put on some speed
Follow my lead,
oh, how I need
Someone to watch over me
Someone to watch over me



6.4.07

o feijão e o sonho

o meu pão de cada dia
me será cobrado em suor e suco gástrico.

e o meu sonho de cada dia,
em outra mínima desatenção.

ao final do mês terei um contracheque na mão
e um contra-senso na vida.

23.3.07

só hoje

nunca mais
navegar sem âncora
nem saltar sem rede
nem voar no escuro ao meio-dia
nunca mais
borboletas no estômago
nem suores, calafrios.
nunca mais
o medo virgem,
nem a dissonante melodia
nunca mais
mergulhar
na mais profunda melancolia
como peixe num aquário, nem mais um dia.

(pra mim, que não acredito em definitivos,
o nunca mais é uma sentença de morte,
sem dia pra ser executada.
uma possibilidade, eu sei, certeza não se tem de nada.
mas ainda assim, é como uma armadilha, preparada
de emboscada.
nunca mais é além do que me é possível suportar.
vou então pensar no hoje.
só por hoje, tudo é possível.)

21.3.07

chamem o procon

sabe o que eu descobri: que eu sou uma propaganda enganosa ambulante. as pessoas me dizem coisas e eu pergunto: zizuisamadim, donde é que elas tiram isso? você é isso... você é assim... eu te acho...você é tão... e por aí vão elas tecendo comentários, elogios, análises, julgamentos. antigamente eu me dava ao trabalho de ponderar. hoje? nem tchuns, pq o povo vê só a casca, a caspa, a raspa e acha que já te entendeu todinho. rapaz, eu que convivo comigo 24h por dia sei só um pouquinho !!! claro que quando é alguém que pensa, eu até paro pra considerar, mas o mais é só psicologismo, deduções watsonianas, inferências do além-do-aquém...
pra conhecer alguém precisa olhar. ouvir. ver de longe, por trás da cortina.
antes de dizer eu acho você... me procure. vai que vc me encontra, né?
só aí decida se me compra. ou me devolva à prateleira, por favor.
de enganos quem anda cheia sou eu.
(me proteja, meu São Procon!)

19.3.07

leve

levanto devagar meu braço esquerdo. não, não, me dizem, é preciso que seja o direito - a mão com que você escreve...
enquanto abaixo o esquerdo, gentilmente pegam meu braço direito e o colocam na horizontal. não olho, fico contemplando o dorso da mão que fica, suas veias e sulcos.
pelo canto do olho vejo o brilho da lâmina. ouço o baque, sinto o sangue quente se espalhando. não há dor. uma sensação de formigamento começa onde antes havia o braço.
ouço os refolhos de asa se abrindo.
todos me sorriem. relevam meu sorriso vago e sem foco. sabem das dificuldades de ser meio borboleta, meio gauche.
limpam tudo com eficiência e em silêncio. quando a porta se fecha atrás do último deles, sopra o vento com cheiro de flor. é quando sinto a asa tremular. ao mesmo tempo, minha mão esquerda pousa levemente no parapeito da janela.

23.1.07

meses sem escrever, sem postar, se dar sastifa.
meses sem parar pra pensar, sentindo só um vazio cheio de trabalho, cansaço, medo e confusão.
meses sem lembrar que existe essa outra, hoje tão triste, ali no canto, enquanto teclo sentimentos que ela tenta não sentir.
eu e minha sombra estamos sentadas ao meio fio, olhando as vidas possíveis que passam e que não têm onde parar. eu e minha sombra estamos esquecendo de construir pontes e portos.
tantos messes não foram, no entanto, meses sem pensar.
dentro, a casa está cheia, embora de monstros que eu não queria enxergar.
eu e minha sombra nos entreolhamos.
é preciso dar nomes a eles. e depois...
monstros com nomes já não são monstros.
monstros com nomes são velhos amigos.
e podem ir embora.
por isso esse post hoje não tem nome, nem título, nem nada.
porque é preciso que, nesse momento, nos fique alguma palavra.
mais tarde lhe darei sentido.
e ela vai voar porta a fora.
quem sabe, seguirei com ela...