23.10.12

80 por hora.

olhar pra trás é agridoce. doce a inconsciência dos poucos anos. doces as ilusões. doces as fantasias e a maneira leve como olhávamos o mundo. doces  a dores, as decepções, porque sempre havia amanhã.  muitos amanhãs. éramos infinitos. éramos jovens. éramos pássaros.
saudosismo bruto, eu sei. nada é tão cor-de-rosa. mas visto daqui, este é o cenário. 
por mais amanhãs que eu ainda tenha, não têm mais a ignorância daqueles dias. eu sei. e isso muda tudo. claro que cada minuto é novo e surpreende. mas... agora existe um medo. não sou só mais eu e o mundo. sou eu, trabalho, família, contas, casa, carro... não, não dá pra ser igual.  o que sinto falta, nunca mais terei. 
não dá pra desolhar o que já vi, pra dessentir o que passei, nem pra desviver tantas coisas. esse é o travo. o amargo. o cínico. o cético. aí o proparoxítono. minha vida, hoje, é boa. tenho tesouros de que nunca abriria mão, nem por aqueles dias cor-de-rosa. mas, ô saudade. do que eu era. do que eu seria. não tenho pretensões a peter pan, mas que falta fazem as minhas ombreiras...