21.4.09

não sou mais quem eu sabia:
sou outra, tão menos apropriada...
tão menos arrredia,
tão mais espevitada.

esta é menos que podia,
esta é tão desligada.
falta-lhe a memória dos dias,
falta-lhe o senso de outrora
falta-lhe o sentido das horas,
sobram-lhe medidas vazias.

a que eu era, era tão mais vívida,
todos lhe admiravam a pose;
esta outra é só vida
é não há o que não goze.
triste, mais realista, mais quieta;
mais alegre, mais disposta, menos reta.

o que eu era já não cabe
nesta via.
sou uma outra,
ou uma mesma
que eu não conhecia.