21.11.12

Cigarro



A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?


Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
A meio-passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?








eu penso que erro. e erro.
eu penso que acerto. e erro.
eu não penso. acerto.
eu não sinto. acerto.
eu me escondo. erro.
eu nada.
erro.
acerto.
ilusão.

23.10.12

80 por hora.

olhar pra trás é agridoce. doce a inconsciência dos poucos anos. doces as ilusões. doces as fantasias e a maneira leve como olhávamos o mundo. doces  a dores, as decepções, porque sempre havia amanhã.  muitos amanhãs. éramos infinitos. éramos jovens. éramos pássaros.
saudosismo bruto, eu sei. nada é tão cor-de-rosa. mas visto daqui, este é o cenário. 
por mais amanhãs que eu ainda tenha, não têm mais a ignorância daqueles dias. eu sei. e isso muda tudo. claro que cada minuto é novo e surpreende. mas... agora existe um medo. não sou só mais eu e o mundo. sou eu, trabalho, família, contas, casa, carro... não, não dá pra ser igual.  o que sinto falta, nunca mais terei. 
não dá pra desolhar o que já vi, pra dessentir o que passei, nem pra desviver tantas coisas. esse é o travo. o amargo. o cínico. o cético. aí o proparoxítono. minha vida, hoje, é boa. tenho tesouros de que nunca abriria mão, nem por aqueles dias cor-de-rosa. mas, ô saudade. do que eu era. do que eu seria. não tenho pretensões a peter pan, mas que falta fazem as minhas ombreiras...

18.9.12

muitos anos depois

era hora do adeus e ela não percebia
tão atenta a outros sinais
o de que não seria jamais
o que prometera.
não havia mais malas a fazer.
nem gestos a lamentar,
nem ausências,
nem nada.
apenas um minuto de silêncio
dedicado a um pé de jasmim.
quando a porta bateu não fez vento.
ainda assim um papel caiu
num chão que não havia mais.

8.3.12

ilusão é quando a gente sobe uma escada que não existe.