21.12.05

à inocência

uma criança passeia. leva-a pela mão a tristeza. o silêncio da caminhada é interrompido pelas perguntas infantis. ao rosto inocente, a tristeza responde com palavras breves e leve sorriso.
ninguém as impede de ir. andam como quem tem destino, mas ambas sabem que não vão a lugar algum. dão voltas e mais voltas e mais voltas.
contemplo-as com o olho do furacão.



no tempo
existe um lugar
além do pesar, dor e saudade
um lugar talvez cinza
como convém a algumas memórias
lugar de chuva e trovão,
onde o meio-dia não há,
esse lugar existe.
e nele, colina acima, numa construção de pedras
que algum dia seria chamado castelo,
existe uma pessoa que veleja e volta
que chora e espera,
que pratica a magia de desejar.
o vento sopra cabelos selvagens
com a força do tempo.
pessoa e lugar se completam, agrestes, duros e sós.
existe uma pessoa, numa colina, num lugar.
esperando.

3 comentários:

Atena disse...

Querida, ficou lindo este azul...
O céu é dos inocentes, tenho certeza. Um beijo com carinho.

persefone disse...

então, acho que só tem crianças por lá...
e que bom que vc gostou do azul. eu escrevo melhor à noite, sabe?
bj, minha linda.

Claudimiro Lino de Araújo disse...

E existem pessoas que nos materializam lugares, imagens, cores... sentimentos. Obrigado!