fico pensando que máscaras ela construirá para se defender dos meus nãos. de que material serão feitas, para que ela enfrente os outros nãos que enfrentará pela vida. que resistência oferecerão às muitas frustrações. e quanta infelicidade também encobrirão.
um dia ela vai descobrir que muitos dos seus sorrisos, que grande parte da sua postura, que essa ou aquela indiferença não são realmente suas. são máscaras, defesas. mentiras inúteis. sei que as coisas não deviam ser assim, mas também sei que isso é usual. todos tentamos nos defender da dor desde muito cedo. alguns de dores profundas, causadas por pancadas pesadas. alguns de dores banais. mas não sei se para a criança existe diferença entre elas. chora menos a criança que não foi ao parque do que a que apanha de um pai? no mundinho delas, as dores se diferenciam? claro que não falo da dor causada pela loucura de muitos adultos, de suas paranóias e demônios, mas dessas cotidianas e comezinhas. qual é o tamanho da tragédia infantil?
tenho trabalhado - ou tentado trabalhar - com minha criança interior. ela tem uma dor tão grande que eu ainda não ousei encarar. no entanto, não tenho lembrança alguma de um fato especialemtne trágico ou doloroso na minha infância. talvez tenha tomado alguma sombra por fantasma, não sei.
e assim oscilo entre a criança que tenho dentro de mim e a que crio. ambas precisam do meu equilíbrio, da minha maturidade. e tudo que eu tenho feito é dizer não. a ambas.
de novo: culpa, culpa, mea maxima culpa.
2 comentários:
Já conversamos sobre isso ontem, mas só para reforçar: acho mesmo que a sua filha te vê como uma mãe para lá de companheira, viu? Beijão.
...
beijão.
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