1.5.06

pipoca, silêncio e poesia.

e depois tem gente que não gosta de ler.
“ o amor que acende a lua”, de rubem alves, ed. papirus, é uma coisa.
são textos , vários, abordando diferentes temas. todos, claro, trazendo a unidade da mensagem. pra quem gosta de escrever é uma aula. frases curtas, de uma simplicidade desconcertante. pra quem gosta de ler é um achado. nestas mesmas frases, conceitos tão ricos e tão... nossos – de todo mundo. poesia em prosa.
acabo de ler dois desses textos (detesto as classificações: crônicas, artigos.... pra mim tudo é texto, desculpem-me.) um fala de pipoca. outro de escutatória, como inventou o rubem. tomo a licença de colocar aqui um trecho do texto com título “a pipoca”:
“Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.”

No texto “escutatória”, ele fala da importância do ouvir. e da importância do silêncio. desse nem dá pra reproduzir um trecho só. esse texto me tocou profundamente. vai tão ao encontro do que penso e da minha necessidade atual de silêncio... chorei ali mesmo, na mesa da cozinha (eu tenho mania de ler enquanto como). chorei de beleza. de não conseguir conter tanta poesia, tanta verdade. chorei porque depois de ler, tive um instante mágico: vi a incrível beleza que me cerca. o vaso de plantas no passa-prato. as garrafas vazias e transparentes enfeitando minha cozinha. os momentos de silêncio operoso em que arrumei minha cama e a de minha filha, em que lavei os pratos. e tive tanta gratidão...
ainda estou sob o efeito dessa magia. nesse momento, tudo me comove. porque tudo é belo demais. e o meu cálice transborda...

(esse texto é de ontem. mas minha internet tava fora do ar...)

2 comentários:

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

Huuummm, deu uma vontade de ler.
Beijo.

persefone disse...

leia mesmo. eu quero ler tudo que este homem escreveu ou vier a escrever. mesmo as coisas com as quais não concordo são boas de ler. tem gente que tem dom, né?
bj.