28.7.08

ao senhor dos jardins


ensina-me, senhor, a viver a vida das borboletas,
a ter a calma paciência das lagartas que se enrolam
voluntárias em casulos de escuridão.
proteja-me da ânsia pelo movimento
que me impeça de cumprir o tempo da mutação.
permita, então, que eu perceba o soar da hora
de romper liames e aceitar minhas asas em sua completa extensão.
guia-me pelo mundo das cores,
provê-me da alegria da impermanência
que será - e só ela - meu alimento sagrado.
ensina-me, com teu amor, a viver a intensa beleza do efêmero,
a fartar-me da delícia de cada momento,
como se fossem todos eles um sinal de eternidade.
e quando se acabe este dia, leve e tranquilo como anoitecer ou
em dor e medo como o fim do amor,
dá-me a sabedoria de abandonar as velhas asas,
descer ao solo e,
humildemente, retomar o caminho da lagarta,
até que o cansaço me conduza de novo ao casulo
onde a vida trabalha silenciosa e obscura
para entregar-me ainda outra vez
as asas da plenitude.

3 comentários:

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

Amém!
Beijo.
Saudade.

Liza Ziller disse...

Taty,
Lindo demais seu texto.
Adorei...
E que assim seja!
Bjs, Liza.

persefone disse...

ademas,
tenho lido você. mas que falta faz segurar sua mão.

lizalinda!!!!
grata por vir. e por me contar que veio.
bjão.