5.2.09

ao que não é visto

e tem essa outra que não sabe onde põe as mãos
quando as coloca sobre a mesa
e que chora no velório das memórias,
essa outra que se disfarça e mastiga as lágrimas
(porque é feio chorar em público)
e as engole, até que voltem em refluxo.
essa outra sem compostura,
que se envergonha das palavras ditas
porque esperadas,
que guarda aquelas que derreteriam as geleiras
apenas por ser o frio gelo guardião do medo alheio.
essa outra que olha tanto
que vezes sem conta teve seus olhos vendados
por serem tão invasivos e intensos
quanto as tolas armas nucleares.
essa outra que não aparece,
a não ser como fazem as almas penadas,
para os que têm o misterioso dom
de enxergar
uma tão outra realidade.

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